Olhar

É batata. Vc vê um bebê e nâo resiste: faz uma brincadeira com ele. Se ele sorri de volta, pronto! Daí pra frente, só Deus sabe o que o adulto é capaz de fazer para continuar fazendo aquele bebê sorrir.
E vc que é mãe, e está ali naquela situação apenas como acompanhante do bebê, absorta em seus pensamentos, de repente se da conta que:

a) O moço do balcão da padaria está fazando caretas e projetando a cabeça pra frente enquanto seu filho rola de rir. Obviamente, quando ele percebe que vc está vendo a cena ele infelizmente pára.
b) Enquanto vc tenta se movimentar para um lado, seu filho tenta ir com a cabeça, ou com o corpo inteiro, para o outro. Novamente, vc se dá conta de que tem alguém fazendo alguma brincadeira com seu pequeno e que vc, mais uma vez está atrapalhando.

Essas situações só me divertem. Mas tem uma que me emociona e entristece simultaneamente.

Seu filho começa a encarar alguém sério. Vc se incomoda porque no nosso mundo de adultos não é educado ficar encarando os outros. E quando vc se volta pra pessoa para a qual seu filho está olhando - já quase com aquela cara de "desculpa, hein?..." vc se dá conta que a pessoa não está incomodada!

Foi aí que eu me toquei que só quando a gente é bebê/criança bem pequena é que temos essa habilidade de olhar fundo para as pessoas de forma tão sincera. A criança te olha, observa por alguns segundos e pronto: sorri. Ou põe a lingua pra fora. Sei lá. Mas é puro. É limpo.



E como protagonista da cena 'mãe passeando com bebê' também já peguei as pessoas me dando esse mesmo tipo de olhar. Devem estar pensando.. Nossa que lindo... a mãe e o filho.. Sei lá. E quando eu olho de volta pra elas, a reação é de "desculpa,então hein?..."Mas o olhar é de pureza, de ternura...







E é impressionante como que esses sentimentos e sensações que antes não eram frequentes (por acaso vc fica por aí recebendo olhares de ternura por aí? nas situações mais inesperadas?), passam a ser corriqueiros - mas não menos agradáveis. Mais umas das delícias dessa fase da vida.